Construindo uma organização impulsionada por Inteligência Artificial

Ligia Galvão
4 min readAug 21, 2019

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No texto Building the AI-Powered Organization (algo como, Construindo uma Organização Impulsionada por Inteligência Artificial) publicado na revista Harvard Business Review, os consultores da McKinsey explicam o motivo do progresso lento da implementação e utilização da Inteligência Artificial (IA) nas organizações e propõem algumas ações que podem ajudar na implementação de IA.

Mesmo com a promessa de que a IA irá adicionar cerca de 13 trilhões de dólares na economia na próxima década, pesquisas realizadas pela McKinsey revelou que apenas 8% das empresas participam de práticas essenciais que suportam a adoção completa da Inteligência Artificial. A maioria das empresas possui apenas pilotos pontuais ou estão aplicando IA em apenas um único processo de negócios.

De acordo com os autores do artigo, um dos maiores erros cometidos pelos líderes é ver a Inteligência Artificial como uma tecnologia plug-and-play com retornos imediatos. Além disso, ainda segundo os autores, os líderes costumam pensar de forma muito limitada sobre os requisitos de IA.

O texto afirma que para alavancar o uso de Inteligência Artificial nas organizações, os líderes devem seguir três mudanças:

1. Sair do método de trabalho em silos para a colaboração interdisciplinar: É mandatório para uma boa implementação de IA uma equipe multidisciplinar com skills e perspectivas distintos.

2. Sair da tomada de decisão baseada na experiência para a tomada de decisão baseada em dados: Neste caso, os funcionários (independentemente de sua hierarquia) tomariam decisões baseadas nos dados sem a necessidade de validar suas deliberação com seus superiores.

3. Sair do rígido e avesso ao risco para ágil, experimental e adaptável: É necessário abandonar o pensamento de que uma ideia precisa ser totalmente elaborada ou que uma ferramenta de negócios deve ter todos os detalhes antes de ser implantada. Uma mentalidade de ‘teste e aprendizagem’ transformam os erros em uma fonte de descobertas, reduzindo os medos e as falhas.

Contudo, para manter os funcionários comprometidos com o sucesso da Inteligência Artificial, os líderes precisam se dedicar a diversas tarefas. Entre elas, que é apontada como crítica no texto, está a tarefa de discutir entre os funcionários a importância da adoção da Inteligência Artificial para o sucesso da empresa. Manter os times bem informados quanto ao processo, diminui a resistência dos empregados já que eles podem temem perder seus empregos com a chegada da IA. Além disso, uma história convincente ajuda a manter todos unidos no mesmo objetivo.

Uma outra tarefa dos líderes, deve ser a de antecipar barreiras únicas para mudar. A cultura de uma empresa pode contribuir para a resistência da implementação da IA na companhia. Um exemplo para este caso são os funcionários que estão confortáveis com a forma que executam o seu trabalho e rejeitam o fato de que uma máquina poderia ter ideias melhores sobre como realizar as suas tarefas. Uma solução para este problema sugerido pelo artigo é o de adotar ‘tradutores analíticos’ que teriam o papel de conectar os engenheiros de dados com a equipe de negócios (marketing, RH, Finanças, Trade…), diminuindo assim as barreiras às mudanças.

Este último processo pode ser melhor analisado no gráfico desenvolvido pela McKinsey, onde demonstra que times formados por líderes de negócios, tecnologia da informação e análises compartilham a responsabilidade pela transformação de AI na companhia. O gráfico pode ser visualizado abaixo com uma breve explicação de cada estrutura. No artigo original é possível ver detalhado a responsabilidade de cada área descrita no gráfico,

Não só o orçamento para a tecnologia, mas também o custo da integração e adoção precisam entrar para a tarefa dos líderes. Pesquisa realizada pela McKinsey demonstrou que cerca de 90% das empresas envolvidas em práticas de escalonamento bem-sucedidas gastaram mais da metade de seus orçamentos de análise em atividades de comunicação e treinamentos para impulsionar a adoção da ferramenta.

A última tarefa para os líderes, descrita no artigo, é o balanço entre viabilidade, investimento de tempo e valor. Iniciativas que deveriam ser simples, mas acabam se tornando difícil de implementar ou demandando um longo período de tempo, podem sabotar projetos de IA. Neste caso, as empresas não necessitam ter foco apenas em rápidas conquistas, mas é sugerido dividir o projeto de implementação de IA em diferentes etapas para se avaliar o seu retorno.

Contudo, a maioria das transformações de IA leva em média de 18 a 36 meses para ser concluída, sendo que algumas demoram até cinco anos para sua conclusão. Por tanto, o tempo se torna bem precioso na jornada da Inteligência Artificial. Algumas ações podem ser realizadas pelos líderes para que não se perca o ‘time’, algumas são: os líderes precisam demonstrar compromisso com a IA, tornar as unidades de negócios responsáveis pelo seu sucesso em IA, acompanhar de perto a implementação de IA e fornecer incentivos para a mudança. Mas para realmente garantir uma adoção da Inteligência Artificial bem-sucedida, as empresas precisam educar todos, desde os líderes até a base. Investir em educação é a frase de ordem para quem deseja explorar o mundo da Inteligência Artificial.

Vamos Analisar!

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Ligia Galvão
Ligia Galvão

Written by Ligia Galvão

Especialista em Inteligência de Mercado. Mestre emCustomer Intelligence & Analytics pela Pace University, Nova York.

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